Militares
desencadearam nesta quinta-feira (22) duas operações simultâneas de combate ao
crime no Rio. Uma foi em Angra dos Reis, município da Costa Verde fluminense a
cerca de 200 quilômetros da capital, na localidade do Frade, sob disputa de
facções criminosas há semanas. A outra foi na Vila Vintém, comunidade pobre na
zona oeste carioca, dominada pelo tráfico.
As duas ações aconteceram
após a cúpula da intervenção na segurança do Estado ter anunciado o início da
retirada de agentes da Vila Kennedy. A favela na Zona Oeste até então era
apontada como "laboratório" da ação das Forças Armadas contra a
criminalidade. Foi a primeira operação organizada pelos militares fora da
Grande Rio após o início da intervenção.
Segundo o Comando
Conjunto das operações, os objetivos das ações eram cumprir mandados de prisão
e promover "cerco, estabilização dinâmica da área e desobstrução de
vias". Essas tarefas eram idênticas às cumpridas na Vila Kennedy, onde
traficantes sucessivamente reconstruíam barreiras destruídas pelos militares
horas antes. No fim do dia, o Comando Conjunto anunciou que só divulgará nesta
sexta-feira, 23, o balanço das ações.
A comunidade do Frade, em
Angra dos Reis, é uma das favelas envolvidas na disputa entre as facções
Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP), que aterroriza a cidade
desde o fim de janeiro. Os confrontos pelo controle do tráfico começaram em 26
de janeiro, com tiroteios nas ruas e ameaças a moradores. Nas primeiras duas
semanas, 11 morreram.
Os confrontos se
estenderam por mais de cinco horas, mesmo com intervenção da polícia. Houve
ainda protesto de moradores contra a falta de segurança. A disputa entre as
duas facções se espalhou para outros bairros de Angra e chegou ao Parque Belém,
de onde o CV conseguiu expulsar o TCP.
Na
capital
Moradores da Vila Kennedy
foram surpreendidos pela informação de que a tropa deverá sair ado local em até
três semanas. O comando da intervenção disse várias vezes que a favela serviria
de laboratório não só para patrulha e retirada de obstáculos, mas também de
ocupação social. Todos acreditaram que a ação seria longa. "Quando as
tropas chegaram foi um alívio porque ninguém conseguia sair de casa",
contou o comerciante S., de 38 anos.
Nascido e criado na
favela, ele pensa se mudar caso as tropas deixem o local. "Não quero que
meus filhos passem pelo que estou passando. Nosso temor é que as coisas voltem
ao que era antes. Quando as tropas chegaram, os bandidos sumiram e, quando
apareciam, eram sem tanta força, sem armas. Estamos todos com muito medo",
disse.
Fonte:Jornal do Brasil
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