quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

A exceção e a regra, por Lindeberg Farias



“A democracia no Brasil é um grande mal-entendido”, disse certa vez Sérgio Buarque de Holanda, escritor de obras clássicas de interpretação do Brasil. O que ele queria dizer ao pronunciar a frase? O nosso autor clássico remetia a duas questões principais. 
Em primeiro lugar, a constatação que na história do Brasil a interrupção da ordem democrática sempre foi mais a regra que a exceção. Na breve história republicana apenas seis constituições foram escritas, duas das quais em plena ditadura (1937 e 1967), e, após a clivagem de 1930, apenas cinco presidentes eleitos cumpriram  o mandato em prazo integral (Dutra, Juscelino, FHC, Lula e um mandato de Dilma). Depois, as nossas classes dominantes, nem mesmo em processo de formação, jamais cultivaram virtudes revolucionárias e se alinharam invariavelmente aos ditames daquilo que Marx chamava no século XIX de “partido da ordem”. 
Por consequência, plasmou-se no Brasil uma república desprovida de “pais fundadores”, representativos da unidade entre povo e sentimento nacional, a exemplo, inclusive, de outros países vizinhos latino-americanos. Em vez de uma guerra civil conduzida por um libertador, a exemplo de Simón Bolívar, a independência brasileira resultou de uma articulação transada de superestrutura, na qual se afastou de cena o domínio colonial português, mas ao talante da continuidade da corte. Tais são os pontos mais salientes e renitentes da miséria política do autoritarismo de raiz brasileiro, bem como uma indeclinável vocação de solucionar os conflitos populares cotidianos pela via da repressão policial.
Assim, no Brasil não houve uma revolução burguesa, sequer uma revolta de libertação nacional. Parafraseando Florestan Fernandes, a "revolução burguesa” entre nós não se deu pela burguesia nacional,  nem pela cultura nacional-popular, mas pelo capital monopolista. Neste sentido, a burguesia brasileira é absolutamente sem credo. Esta via heterodoxa de realizar a transformação capitalista requisitou, no plano político, sucessivos regimes autoritários - o penúltimo dos quais a ditadura civil-militar (1964-1985).
Por tudo isso, o golpe do branco do Impeachment da presidenta Dilma Rousseff esteve longe de ser uma espécie de “raio em céu azul”. Pelo contrário, deita fundas raízes na história brasileira. O normal da regra retornou. Chegou ao poder o regime de neoliberalismo ortodoxo de Temer e seus asseclas - conhecidos caciques partidários da tradicional elite política. Embora o Brasil não seja uma ditadura (algumas liberdades civis e políticas permanecem em vigor) e não esteja descartada uma evolução do processo nesta direção - inclusive a da ditadura militar - já não pode se afirmar que o Brasil viva um regime de democracia plena. Talvez seja melhor defini-lo como uma semidemocracia, como bem definiu o sociólogo Marcelo Zero.
São muitas as novidades do golpe de Estado do Impeachment brasileiro de 2016. Antes, a exceção se generalizava nos episódios de instauração de regimes autocráticos e ditaduras militares – sendo, portanto, de mais fácil identificação. Atualmente, não tem sido mais necessário haver a interrupção abrupta e formal dos institutos universais do Estado de Direito para que a exceção possa ir se generalizando e molecularmente ganhando espaços no aparelho de Estado e na sociedade civil. 
Neste sentido, tem sido decisivo o papel do poder judiciário e os processos movidos contra o ex-presidente Lula são emblemáticos.  No processo contra Lula, várias práticas forenses de acusação vêm reintroduzindo perigosamente lógicas semelhantes à do amigo/inimigo schmittiano, uma das quais identificadas pela defesa do ex-presidente Lula como “métodos de lawfare”, ou seja, de “uso das leis e dos procedimentos jurídicos como arma de guerra para perseguir e destruir o inimigo”.
Socialmente,  sempre, o judiciário brasileiro se caracterizou - com as exceções de praxe -, como um segmento das classes dominantes que se comporta como um estamento oligárquico. Contudo, apenas a remissão histórica é insuficiente para entender o que se passa em nosso poder judiciário, hoje.
Vivemos um momento da maior gravidade. O pacto da constituição de 1988, que permitiu trinta anos de relativa estabilidade democrática ao país e revezamento dos partidos no poder, especialmente o PT e o PSDB, está sendo aceleradamente rompido. A aposta projetual do golpe é construir uma espécie de democracia sem trabalhadores, no qual o protagonismo da esquerda será reduzido a um papel meramente decorativo. 
Estão rasgando a constituição brasileira e quem mais sofre são os trabalhadores. A história do Brasil no século XX, como de resto no mundo, pode ser interpretada como um complexo processo de constitucionalização dos direitos do trabalho. Sob Temer, o sinal se inverteu e o processo passou a ser de desconstitucionalização. Começou com a assim chamada Emenda Constitucional 95, que aboliu na prática as vinculações constitucionais de saúde, educação e assistência social.  Prosseguiu na reforma trabalhista, que produziu uma reforma estrutural no mercado de trabalho brasileiro, precarizando-o em níveis radicais. A última pá de cal do processo de desconstitucionalização será a virtual aprovaç ão da reforma da previdência.
Mas, apesar de toda essa demonstração de força, o golpe não deu certo. Faltou combinar com o povo brasileiro. 
Em síntese, qual era a ideia do golpe? A ideia era implantar um governo de prazo limitado (dois anos), encomendado a fazer o trabalho sujo – construir a nova institucionalidade autoritária de “paraíso burguês” neoliberal – e entregar o poder, em 2018, a um presidente eleito do mesmo bloco – de preferência do PSDB. As eleições de 2018 funcionariam como uma espécie de detergente do golpe. Neste sentido, o golpe brasileiro foi uma bem arquitetada “doutrina de choque”. Que seria isso? Nos termos da escritora Naomi Klein, glosando um ensaio de Milton Friedman, “somente uma crise –real ou pressentida– produz mudança verdadeira. Tão logo uma crise se instalava, o professor da Universidade de Chicago defendia que era essencial agir rapidament e, impondo mudanças súbitas e irreversíveis”. Assim foi feito no Brasil.
A situação atual de estagnação econômica (perspectiva de crescimento de 1% em 2917), antecedidos por dois anos de grave recessão (2015 e 2016 de perda de 8% do PIB), provocou efeitos inevitáveis no campo da política. À esquerda, especialmente, a popularidade do ex-presidente Lula, voltou a crescer avassaladoramente. Participei das caravanas do ex-presidente Lula no Nordeste, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Impressionante. Em todo lugar do Brasil, as pessoas mais humildes, o sertanejo do nordeste, o garçom de um hotel no Rio de Janeiro, um jovem estudante da baixada fluminense, todo mundo corre, com um sorriso ou os olhos lagrimejando, ao abraço do ex-presidente. Se Lula já era grande, as perseguições e o deserto de alternativas políticas críveis do regime do gol pe o tornou ainda maior. Uma verdadeira lenda viva.
O atual momento brasileiro é de encruzilhada histórica. Ou os golpistas dobram a aposta e, em definitivo, cassam a candidatura do ex-presidente Lula, ou serão dobrados por uma derrota eleitoral acachapante. As cartas do jogo histórico estão na mesa. Nele, estão sendo decididas as principais determinações da história brasileira pelos próximos anos e décadas.

Fonte: jornalggn.com.br

Protesto de trabalhadores das obras do BRT paralisa Avenida Brasil, no Rio.


Uma manifestação de trabalhadores com salários atrasados interditou por volta das 7h da manhã de hoje (7) os dois sentidos da Avenida Brasil, altura de Ramos, perto da saída da Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro. A avenida é uma das mais movimentadas da cidade.
 Funcionários das obras do BRT Transoeste fecharam as pistas protestando contra o atraso no pagamento de salários, o que levou caos ao trânsito.
 Eles bloquearam as pistas da principal ligação da zona portuária com bairros das zonas norte e oeste. Os manifestantes se concentraram no acesso ao Viaduto Brigadeiro Trompovski, um dos acesos à Linha Vermelha e ao Aeroporto Internacional do Galeão (Tom Jobim). O trânsito só foi liberado uma hora depois.

 O Centro de Operações Rio informou que às 8h55 o tráfego foi totalmente liberado na pista em direção aos bairros da zona oeste. No sentido contrário, em direção ao centro da cidade, uma faixa da pista ainda segue interditada por conta da manifestação.
Fonte:Jornal do Brasil

Ex-aluna de escola pública tira nota mil na redação do Enem e passa em medicina na UFRJ: 'filha de pobre também pode ser médica'

Beatriz Albino Servilha, de 19 anos, atribui suas vitórias aos pais: ao pedreiro Junior e à telefonista Renata. Sempre quis provar a eles que ‘filha de pobre também pode ser médica’. Depois de tantos obstáculos, o casal descobriu que a jovem estava entre os 53 candidatos que tiraram nota 1.000 na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Depois, viu o nome dela na lista de aprovados em medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foram gritos ao telefone e choro de comemoração.
“Era meu 3º ano tentando entrar na faculdade. Eu sabia que minha família não teria condições de manter meus estudos. Mas, mesmo assim, nunca me direcionaram para outra área. Nossa situação financeira não me impediu de correr atrás do que eu queria”, conta Beatriz.
Nota máxima na redação
Quando recebeu a prova do Enem e viu que o tema da redação era “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil", Beatriz começou a chorar. “Não acreditei. Comecei a estudar Libras há dois anos, para me comunicar com uma amiga surda”, conta.
Ela havia se tornado intérprete da língua de sinais para os seguidores da igreja que frequenta. “Não achei tão difícil, porque tenho contato direto com a comunidade surda, que me impulsionou a continuar”, afirma Beatriz.
A jovem conta que, na redação do Enem, argumentou sobre a falta de intérpretes capacitados para atuar nas salas de aula. “Não basta formar qualquer tipo de profissional. Existem aqueles que têm capacidade de trabalhar em tribunal, em teatro, em igreja ou em escolas. A sociedade é muito ignorante e não vê Libras como algo importante e oficial”, diz.
“Há um tempo, fui levar minha irmã a uma unidade de pronto-atendimento e vi três surdos lá, desamparados, porque nenhum funcionário sabia língua de sinais. Ninguém pensa nisso”, completa.
Cotas para negros e pobres
A jovem foi aprovada no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) pela cota de estudantes de escola pública, autodeclarados pretos, pardos ou indígenas, com renda familiar per capita inferior a 1,5 salário mínimo. Ela cursou o ensino médio em uma Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) do Rio de Janeiro. No último ano, percebeu que “estava zerada em matemática, em física e em conhecimentos básicos” – e então procurou um cursinho.
“Consegui uma bolsa de estudos porque minha prima havia estudado lá e passado na UFRJ. No meu segundo ano no preparo para o vestibular, continuei com a bolsa porque tirei nota boa na redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)”, conta.
Ela defende a política de cotas por ter vivenciado a dificuldade de uma estudante de escola pública conseguir recuperar o que não aprendeu no ensino médio.

“Isso não é sistema de benefício a ninguém. É a forma de o governo corrigir um erro que é deixar o negro de lado, negligenciar a educação do pobre.
Por anos, não tive matemática nem biologia”

                                                                          
                                                                                                                                                               Fonte :  G1

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Sobe para 21 o número de mortos pela febre amarela no Rio de Janeiro.



 Subiu para 21 o número de mortos pela febre amarela no estado do Rio de Janeiro. De acordo com a Subsecretaria de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde em 2018 foram registrados 47 casos de febre amarela silvestre em humanos.
 Foram confirmados casos de febre amarela em macacos nas cidades de Niterói, na Ilha Grande, em Angra dos Reis, Barra Mansa, Valença e em Miguel Pereira.
 Além de reafirmar que os macacos não são responsáveis pela transmissão da febre amarela, a secretaria recomenda à população que ao localizar macacos mortos ou doentes - animal que apresenta comportamento anormal, que está afastado do grupo, com movimentos lentos - deve informar o mais rápido possível às secretarias de Saúde do município ou do estado do Rio.

 A secretaria reforça também a importância das pessoas que ainda não se vacinaram buscarem um posto de saúde próximo de casa para serem imunizadas.
Fonte:Jornal do Brasil

Serviço de mototáxi é regularizado em Arraial do Cabo, no RJ

Autorizações foram assinadas pelo prefeito em reunião na tarde desta segunda-feira (5).




O serviço de mototáxi foi regularizado pela Prefeitura de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio, em uma reunião na tarde desta segunda-feira (5) no Porto do Forno. O Prefeito assinou algumas autorizações para a circulação de mototáxis no município, de acordo com o Decreto 2.586 de 26 de dezembro de 2017, que regulamenta o serviço.

De acordo com a lei em vigor, ficam determinados os pontos de estacionamento para as motos. Os pontos serão colocados nos locais mais movimentados da cidade.

O coordenador de Trânsito, Marcos Sumar, afirmou que o decreto é uma vitória para a classe de mototaxistas, que lutam, há anos, pela regulamentação do trabalho.

“Além de não serem mais perseguidos por estarem exercendo a atividade ilegalmente, é mais uma forma de gerar emprego e renda para o município”, completou Marcos.

A Prefeitura disse também que os trabalhadores que ainda não se regularizaram, devem procurar a Coordenadoria Municipal de Trânsito (Comtrans), na sede da Secretaria de Segurança Pública, na Villa Industrial.

Fonte: g1.com

Rodoviárias da Região dos Lagos vão receber 770 ônibus extras no Carnaval



As rodoviárias da Região dos Lagos do Rio terão um esquema especial de operações a partir desta quinta-feira (8), para atender o aumento do fluxo de pessoas viajando durante o Carnaval. Segundo a empresa que opera as linhas da região, cerca de 47 mil pessoas devem desembarcar nas rodoviárias da região para passar os dias de folia.

A previsão é que até sábado (10), 1.049 ônibus, sendo 770 extras, cheguem da capital e também das regiões Norte, Noroeste e Serrana do estado nas cidades de Saquarema, Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Arraial do Cabo e Armação dos Búzios.

Na sexta-feira (9) é previsto o dia de maior movimento, com 403 ônibus, sendo 293 extras, desembarcando turistas na região.

A Rodoviária Alexis Novellino, em Cabo Frio, deve ser a rodoviária mais movimentada e registrar o maior número de turistas desembarcando e também de ônibus chegando. São esperadas cerca de 23 mil pessoas em 519 ônibus, sendo 397 extras. O dia de maior movimento também deve ser na sexta-feira, com a chegada de 201 ônibus.

A volta do feriado nas rodoviárias da Região dos Lagos também vai contar com um esquema especial. Ele começa na terça-feira (13) e se estende até quinta-feira (15). Ao todo 973 ônibus, sendo 685 extras, estão previstos para atender o retorno dos passageiros. O dia de maior movimento no retorno será na quarta-feira de cinzas (14) com a previsão de 446 ônibus atendendo a demanda.

Fonte: g1.com

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Incêndio destrói centro de distribuição dos Correios, no Rio.

   

  O incêndio que atingiu na madrugada desta sexta-feira (2) o Centro de Entrega de Encomendas (CEE) de Jacarepaguá dos Correios destruiu cerca de 9 mil encomendas e pelo menos seis veículos de entrega, além do prédio. Segundo a empresa, ninguém ficou ferido. A unidade de distribuição atendia os bairros de Jacarepaguá, Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio de Janeiro. A estatal aguarda as investigações para saber as causas do incêndio.
 Em nota enviada para a imprensa, os Correios informam que os remetentes das encomendas perdidas serão indenizados. “Dentro de um prazo de 5 dias úteis, os Correios lançarão a informação 'Extraviado' no sistema de rastreamento do site da empresa para as encomendas que foram destruídas pelo fogo. Após verificarem essa informação na internet, os clientes deverão registrar uma reclamação por meio dos canais de atendimento dos Correios para serem indenizados”, diz a nota.
 Segundo a estatal, a legislação postal mundial determina que a indenização cabe sempre ao remetente da encomenda. A orientação para clientes que aguardavam a entrega de compras feitas por meio eletrônico é entrar em contato com a loja ou fornecedor para solicitar o envio de um novo produto.
    Os Correios informam que nem todas as encomendas que já constavam no sistema de rastreamento como “Encaminhadas para o CEE Jacarepaguá” haviam chegado à unidade. “Parte delas está pronta para expedição no Centro de Tratamento de Encomendas de Benfica, mas ainda não foi transportada até o local”.
   Com isso, a orientação para os clientes é aguardar o lançamento da informação de “Extraviado” no sistema de rastreamento para confirmar a perda da encomenda no incêndio.
 De acordo com a empresa, será feito um esforço para manter a entrega das encomendas na região. “Os empregados do CEE Jacarepaguá estão sendo remanejados para os Centros de Distribuição Domiciliária mais próximos. Essas unidades irão entregar parte das encomendas que seriam direcionadas ao CEE Jacarepaguá”.

    A estatal informa que a distribuição de correspondências não será afetada, já que a unidade fazia exclusivamente entrega de encomendas. Também serão avaliadas outras medidas ao longo do dia para atender a demanda de entregas de encomendas da região.
Fonte:jornal do Brasil