sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Ministério paralisa processos sobre Renca e diz que vai debater mineração.


 

 Um dia após a Justiça Federal em Brasília suspender os efeitos do decreto do presidente Michel Temer que extinguiu a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), o governo decidiu quinta-feira (31) paralisar todos os procedimentos relativos a eventuais direitos minerários na área da reserva, incrustada em uma região entre os estados do Pará e do Amapá.

 Segundo nota assinada pelo ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, a partir de agora, será iniciado um "amplo debate” sobre as alternativas para a proteção da região. “Essa iniciativa se dá em respeito às legítimas manifestações da sociedade e a necessidade de esclarecer e discutir as condições que levaram à decisão de extinção da Renca”, diz trecho da nota.

 Ainda de acordo com o comunicado, divulgado quinta-feira à noite à imprensa, no prazo de 120 dias, o Ministério de Minas e Energia deve apresentar ao governo e à sociedade as conclusões do debate e eventuais medidas para "promoção do  desenvolvimento sustentável, com a garantia de preservação”.

 Assinado na última quarta-feira (23) pelo presidente Michel Temer, o decreto extinguiu a Reserva Nacional do Cobre e Associados. A decisão gerou questionamento de ambientalistas, artistas, de setores da sociedade e até da mídia internacional.

A área de proteção foi criada em 1984 no governo do presidente João Figueiredo, o último chefe do governo do período militar. Na ocasião, foi definida a proteção de uma área de 47 mil quilômetros quadrados (km²), situada em uma região entre os estados do Pará e do Amapá.

 Desde então, pesquisa mineral e atividade econômica na área passaram a ser de responsabilidade da Companhia Brasileira de Recursos Minerais (CPRM – Serviço Geológico Brasileiro) ou de empresas autorizadas pela companhia. Além do cobre, estudos geológicos indicam a ocorrência de ouro, manganês, ferro e outros minérios na área.

 Na segunda-feira (28), o Ministério Público Federal no Amapá (MPF/AP) ajuizou ação civil pública pedindo à Justiça Federal a concessão de tutela de urgência para suspender os efeitos do decreto. Na quarta-feira, o juiz Rolando Spanholo, da 21ª Vara Federal de Brasília, determinou a suspensão dos efeitos de “todo e qualquer ato administrativo tendente a extinguir a reserva.

Artistas e ativistas fazem ato no Rio em defesa da Amazônia

 Artistas, ativistas políticos e ambientalistas participaram de um ato em defesa da preservação da Amazônia e contra o decreto do governo federal que liberou as atividades de mineração na Renca. Os manifestantes se concentraram, na tarde de quinta-feira (31), em frente à sede da Justiça Federal, no centro da cidade, em apoio a uma ação popular contra a medida.

 O ato foi organizado pelo deputado estadual Carlos Minc (sem partido), ex-ministro do Meio Ambiente do governo Luiz Inácio Lula da Silva e ex-secretário estadual do Ambiente do Rio no governo de Sérgio Cabral.

“Estamos protocolando uma ação popular com pedido de concessão de tutela de urgência à Justiça Federal. O documento mostra os pontos da Constituição que estão sendo atropelados. Este tipo de ato teria que ser por lei. Na área ambiental, a lei diz que você pode criar uma reserva por decreto, mas para diminuí-la ou extingui-la, tem que ser por lei”, defendeu Minc. 

 O diretor de campanhas do Greenpeace Brasil, Nilo Dávila, considerou que é impossível conciliar mineração e conservação do ambiente, como quer o governo federal para a área da Renca, que tem o tamanho aproximado do Espírito Santo.

“Quando você toma uma decisão sem conversar com a sociedade e quando anuncia que existe uma imensa reserva de ouro naquela região, a tendência é que tenhamos uma corrida do ouro para aquelas florestas do Amapá e do Pará. Quando abre uma área de mineração, você cria bolsões de pobreza, como existe em Carajás, além de provocar no entorno um intenso desmatamento”, alertou Nilo.

    Fonte: Jornal do Brasil

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